sexta-feira, 20 de agosto de 2010

SEM SAÍDA


Pensei que tinha tanto pra falar. Achei que havia tanto pra te ouvir. Cavei dentro de mim caminhos mil que me levassem inteiro até você. Girei os meus ponteiros ao contrário. Mudei todo o meu vocabulário. Mas nada disso tudo fez sentido depois que o momento aconteceu. Minha voz me traía a todo instante, o antes que eu pensava já não existe. É triste constatar estatelado que o que restou de nós é só passado. Tentei então ser o máximo polido. Sem graça, elogiei o seu vestido. E é embaraçoso disfarçar que eu sei que nada mais tem um sentido. Dobrei então o meu contentamento de te encontrar depois de um labirinto. E se eu me despeço com alegria, não sorria: eu minto. Vou pendurar suas fotos na parede pra imortalizar uma esperança. Que um dia amarremos pontas soltas e novamente a gente viva o que é lembrança.