quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

NHACT


Colhi música madura do pé, pra você.
Vem comigo chupar canção.
Essa é da boa: não tem caroço,
só tem refrão.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

ASSOBIO


Não me assuste. Eu só quero pousar de mansinho. Suave. Não se assuste. Eu só quero deitar no teu ninho e um pouco ficar. Quem se ilude? Ninguém. Não somos reféns de nada, só ombro estendido - que fique entendido bem. Não vem com desculpa ou culpa também. Deixa eu descansar a minha cabeça cansada em teu vigor. Costura minh'asa rasgada, por favor. E de manhã cedinho, verás que o passarinho já voou. Viu só? Não doeu nada.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

REFLEXO

Sou do impulso, do pulso latente, do sangue vibrante, do vinho na boca. Sou a louca razão, a lógica quebrada. Sou nada quando tudo tento ser, sou porra nenhuma. Ao contrário, muito sou: me sufoco em tamanho. Ganho menos que mereço, o meu preço é o seu apreço. Aprecio o meu destino não-formatado e vivo em paz com o meu caos. Assim sou, sem saber me definir e, sem dar-me conta, já o fazendo. Me rendo ao meu jeito de existir.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

(IN)UTILIDADES


Tirei uma pedra do meu sapato. Pedra pequena, que às vezes nem se fazia notar. Mas que, muitas vezes me doía e incomodava. Por "preguiça" de desamarrar o cadarço, tirar a meia, retirar o sapato e sacudí-lo, fui adiando o processo e me alimentando de uma pequena dor que, pela sequência, já era enorme. E agora, sem a pedra no sapato, me pergunto o porquê de não ter feito isso há tanto tempo. Já nem lembrava qüão boa era a sensação de caminhar livre, leve. E a pedra agora pode repousar sua insignificância num solo qualquer, longe do meu caminhar. Cada um faz de suas pedras o que quiser: você, vem com quatro delas nas mãos. Eu, tiro as minhas do sapato.