sexta-feira, 15 de abril de 2011

FÁBULA CIRCENSE


Entre piadas e malabares, a bailarina enamorou-se. E o sorriso do palhaço agigantou, o circo do seu peito pegou fogo. A bailarina, menina, dançava então a primeira sensação de um sentimento. E o palhaço, domador de carinho, evitava tirar a maquiagem e mostrar-se por inteiro. Não foi verdadeiro, plastificou. A bailarina percebeu a não-entrega e se frustrou: rodopiou tristezas por todo o picadeiro. Sua lamúria durou um ano inteiro. Por fim, trocou de circo e hoje é imensamente feliz ao lado de um trapezista nada trapaceiro. E o palhaço? Borrou a maquiagem do peito e não tem jeito de consertar: vive fingindo um sorriso que não lhe pertence. Mas tá ruim pra disfarçar.

2 comentários:

Débora Pretti disse...

Se tem uma coisa que me encanta é a magia do circo. Ilustra belamente a vida e suas sensações.
Com suas palavras, fica ainda mais belo e mágico.
Parabéns!

Andreia Dequinha disse...

Ahhh, muito bem lembrado que até mesmo nos lugares mais alegres tb encontramos dores e desilusões... Há sempre palhaços fingidos, entregues à solidão... às próprias prisões... e que bom que a bailarina ainda acordou a tempo de ser feliz com outro...!!! Que eu tenha essa sorte tb!!! Estou à espreita. rs rs rs