quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Aos nove


Ele era impossível. Sim, daqueles que se imortalizam pelas diabruras. Era o sobrinho temido pelas tias: quando ele chegava, sai de baixo: melhor alterar a mobília, guardar o que de frágil havia. Era um irmão sádico: fazia venenos (por sorte, falhavam - não dominava a química da maldade), terror psicológico e armadilhas constantes. Quebrava até o inquebrável. Era tão arteiro que os indícios levavam a ele mesmo quando sua culpa não estava no cartório. Tinha uma energia que mal combinava com a magreza e o pouco tamanho. Era precoce e criativo, o holofote da família. E mesmo tudo isso sendo, fazendo e acontecendo, marcava pela alegria... uma simpatia latente escancarada no rosto. Era feliz. Muito abençoado, e nem sabia. Aí, cresceu. Tudo bem: mais em idade que em altura, convenhamos. E revendo sua festa de nove anos em uma fita meio gasta, gosta do que vê e não entende como é que hoje em dia é sorrindo que os pais, irmãs, tios e tias contam aos demais suas peripécias passadas. Ele era impossível... mas, impossível mesmo era não dar o braço a torcer e ver que esse passado registrado em poucas cores num VHS embolorado fazem desse menino o homem que hoje ele é. Um pequeno homem que muitos dizem ser grande. Ele nunca se achou assim, mas ao rever o sorriso de nove anos aprendeu, enfim, o significado de grandeza.

6 comentários:

Miss J. disse...

Tão fácil ver isso nos olhos do menino-homem de hoje!
Orgulho danado que dá, imaginar que tais peraltices, no futuro, são talento puro!
ADOREI!
Beijos meus, Zé!

Carol disse...

é tu, tatu?!
hehehehehe

Muitos beijos cariocas

Pedro Rabello disse...

Esses que eram impossíveis são os melhores adultos! rs

Edson Marques disse...

Que bom que o menino dentro dele é maior do que o adulto que o tenta (des) cobrir!



Abraços, flores, estrelas..

Anônimo disse...

Que DELÍCIA de texto.
Me levou a uma menininha de nove anos, TÃO arteira! Que se quebrou inteira, era cliente preferencial das clínicas de ortopedia e prontos socorros, que todo mundo falava que parecia mais um moleque! rs
Que delícia, adorei!

Rackel disse...

Para os gregos o núero 9 é bastante significativo... parece q não é só para eles, não é mesmo?! Eu só espero ser feliz por mais q o dobro de nove anos!
=)